Popularidade da criptomoeda pode ser uma faca de dois gumes, explica economista renomado

Popularidade da criptomoeda pode ser uma faca de dois gumes, explica economista renomado

Eswar Prasad, professor da Dyson School da Universidade Cornell, compartilhou recentemente suas opiniões em um artigo de opinião para o The New York Times (NYT), expressando preocupação com a crescente aceitação da criptomoeda.

Eswar Prasad é o Tolani Senior Professor of Trade Policy na Cornell University e um Senior Fellow na Brookings Institution, onde ele ocupa a New Century Chair em Economia Internacional. Suas afiliações acadêmicas se estendem ao National Bureau of Economic Research, onde ele atua como um Research Associate. Prasad tem uma formação distinta, tendo liderado anteriormente a Financial Studies Division no Fundo Monetário Internacional (FMI) e atuado como chefe da China Division do FMI.

Prasad é um autor prolífico, com livros notáveis, incluindo O Futuro do Dinheiro: Como a Revolução Digital está Transformando Moedas e Finanças (2021), Ganhar moeda: a ascensão do renminbi (2016), e A Armadilha do Dólar: Como o Dólar Americano Apertou Seu Controle Sobre as Finanças Globais (2014). Sua pesquisa foi amplamente publicada em importantes periódicos acadêmicos e tem sido influente na formação de discussões sobre política econômica global.

Prasad forneceu depoimento especializado perante comitês do Congresso dos EUA, e seus insights foram apresentados em grandes veículos de mídia, como o Economist, o Financial Times e o New York Times. Ele também é o criador do índice Brookings-Financial Times TIGER, que rastreia a recuperação econômica global. Prasad continua a ser uma voz influente na economia internacional, particularmente nas áreas de regulamentação financeira e do sistema monetário global.

Em seu artigo de opinião no NYT, publicado em 9 de agosto, Prasad observa que o recente aumento no valor do Bitcoin, juntamente com a flexibilização regulatória da Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA, sugere que a criptomoeda está ganhando força entre as esferas pública e política. Ele ressalta que até mesmo figuras proeminentes como Donald Trump e Kamala Harris estão sinalizando maior abertura ao setor de criptomoedas.

Prasad enfatiza que esses desenvolvimentos podem implicar que o setor de criptomoedas está se movendo além de seus escândalos anteriores e associações negativas. De acordo com ele, os defensores da indústria esperam que a criptomoeda perturbe os sistemas bancários tradicionais e ofereça acesso aprimorado a serviços financeiros, promovendo competição e resiliência no processo. No entanto, Prasad é cético de que esses benefícios potenciais se materializarão. Ele argumenta que o novo apoio político à criptomoeda provavelmente deriva mais de um desejo de atrair eleitores jovens e doações de campanha do Vale do Silício do que de uma crença genuína na maturidade ou estabilidade da tecnologia.

Enquanto Prasad reconhece a tecnologia inovadora subjacente ao Bitcoin e outras criptomoedas, ele destaca o paradoxo que surgiu à medida que esses ativos cresceram em popularidade. Apesar de seu design descentralizado, Prasad explica que as criptomoedas se tornaram altamente centralizadas, com a maioria dos usuários contando com grandes exchanges como a Binance para gerenciar seus ativos. Essa centralização, Prasad alerta, introduz riscos significativos, como demonstrado pelos escândalos envolvendo essas plataformas, onde ele alega que práticas fraudulentas e poder de mercado concentrado minaram os ideais originais do movimento cripto.

Prasad também aponta que os riscos associados às criptomoedas podem se espalhar para os mercados financeiros tradicionais, particularmente por meio do uso de stablecoins. Ele explica que as stablecoins, que são atreladas ao dólar americano, podem potencialmente desestabilizar os mercados financeiros se seus emissores forem forçados a liquidar grandes volumes de ativos para atender às demandas de resgate. Esse risco foi destacado pelo colapso do Silicon Valley Bank, que afetou um grande emissor de stablecoins que tinha depósitos no banco.

Prasad argumenta que o Bitcoin, em particular, se tornou um ativo especulativo com pouca utilidade prática, observando que seu valor parece ser impulsionado mais pela escassez do que por sua utilidade como meio de pagamento. Ele ressalta que as regulamentações relaxadas da SEC agora permitem que até mesmo investidores de varejo inexperientes invistam em cripto, expondo-os a riscos que eles podem não compreender totalmente, agravados ainda mais por endossos políticos que emprestam legitimidade indevida à classe de ativos.

Apesar dessas preocupações, Prasad reconhece o progresso feito por outras criptomoedas, como o Ethereum, que são mais eficientes em termos de energia e capazes de processar transações de forma rápida e barata. Ele também destaca a crescente adoção da tecnologia blockchain por instituições financeiras tradicionais, que a estão usando para reduzir custos e melhorar o acesso a serviços bancários. Ironicamente, Prasad observa, esses benefícios estão sendo percebidos pelas mesmas instituições que a criptomoeda pretendia interromper.

Para encerrar, Prasad adverte que, embora as finanças descentralizadas tenham exposto ineficiências nas finanças tradicionais, elas também introduziram novos riscos e replicaram as fragilidades do sistema financeiro estabelecido. Ele pede uma abordagem equilibrada que inclua uma estrutura regulatória clara para proteger consumidores e investidores, ao mesmo tempo em que mitiga os potenciais efeitos colaterais nos mercados tradicionais. Prasad pede que usuários, investidores e reguladores permaneçam vigilantes e sejam cautelosos com o hype em torno da criptomoeda, especialmente quando ela é promovida por figuras políticas.

Imagem em destaque via Pixabay

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